terça-feira, 20 de setembro de 2016

Poema indiano

Que é isto que aperta meu peito?
Minha alma quer sair para o infinito ou a alma do mundo quer entrar em meu coração?





Acho graça quando ouço dizer
que os peixes dentro d'água
estão com sede.
Você vaga inquieto,
de floresta em floresta,
enquanto a realidade
está dentro da sua morada.
A verdade está aqui!
Vá aonde quiser,
ao norte ou sul;
até que você tenha
encontrado DEUS em sua alma,
todo o mundo lhe parecerá inexpressivo



 "Meu Bem Amado", que te oferecerei com minhas mãos, hoje de manhã?
Canto matinal. Mas a manhã está sob o peso dos raios cruéis do sol. E o canto fatigado logo se esvai.

Oh, meu Amigo (e Inimigo)!
Que me pedes, vindo à minha porta, à tarde?
Que devo oferecer-te? A lâmpada da noite?
Mas a luz da da lâmpada só pode estar acesa em um canto da casa. Pretendes levá-la em tua marcha entre as multidões? Não vês a luz vai apagar-se ao vento na estrada?

Meu amigo, meu (inimigo), posso dar-te alguma coisa? As flores e as grinaldas estarão murchas um dia. Então porque eu ofereceria coisas incômodas?
Seja qual for a minha dádiva, tuas mãos deixarão cair na poeira do caminho.
Não seria melhor que um dia em meu jardim, aspirando o perfume das flores tu sentisses a alegria de deter os teus passos por um momento?   A oferta involuntária, casual é tua. Quando passares na aléa das flores, em meu jardim, teus olhos iludidos verão uma luz colorida , trêmula, deslizando entre os cabelos da tarde. É a luz que faz nascerem os sonhos. Espontânea, sem que o saibas, essa luz é uma oferta para ti.

Todos os meus tesouros logo se vêem. Aparecem, logo desaparecem sem dizerem seus nomes. Fogem. O tintinar das argolas nos seus tornozelos é música leve, solta nas aléas. Mas, ignoro o caminho para a região de onde eles saem.

Estão além do alcance da minha voz e das minhas mãos. Amigo (e Inimigo), aquilo que obténs sem pedir, sem ver, será realmente teu. Estão além do alcance da minha voz e das minhas mãos. Amigo (e Inimigo)



R.Tagore

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